Rafael respirou fundo, olhou para os lados, como procurando um único olhar que o ajudasse, lembrou de tudo o que vivera, das brincadeiras, dos tombos, das risadas, das surras, dos choros, das histórias que contou e de tantas outras que nunca tivera coragem nem de se lembrar.
No canto direito de sua testa, uma gota de suor começou a se formar, aos poucos foi engordando, resistindo ao máximo a força da gravidade como se não quisesse percorrer o resto de sua face. Quando já não aguentava mais, deixou-se cair, e após isso várias outras começaram a correr atrás dela, numa tentativa de se reagruparem.
Um vento frio e tenebroso tocava seu rosto ao mesmo tempo que outro vento, mais frio e ainda mais tenebroso tocava as paredes de seus estômago. Borboletas voavam dentro dele. Borboletas não; Gaviões. Pois pelo tamanho do frio que estava lá, não era possível que fosse obra de asinhas tão minúsculas.
Medo, insegurança, pavor, proximidade com a morte.
Essas e muitas outras coisas passavam por sua mente.
Fechou os olhos, respirou fundo e se jogou.
Pronto!
Estava voando, estava descendo, estava caindo, estava mergulhando, estava com medo, estava ansioso, estava feliz.
Esse era o poder dos neurotransmissores.
Santas sinapses. Santa adrenalina, santa endorfina, santa serotonina e todas as outras ninas.
Vencera o medo, vencera o pavor, vencera os gaviões do estômago, vencera a gravidade por alguns segundos, vencera a si mesmo.
Vencera o penhasco.
Voara, sonhara, mergulhara e sorrira.
Pronto!
Estava feliz... também todo dolorido e molhado.
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