Aquele dia em que você clama por inspiração? Por uma luz no fim do túnel?
Sento-me, deposito na mesa minha xícara de café, meu cigarro e minhas quatro canetas pretas compradas na única loja de 1,99 que ainda existe.
Tenho que escrever algo!
Respiro fundo e começo a traçar as primeiras letras. Uma após uma, elas começam a surgir. A ideia começa a tomar forma e tudo parece tranquilo. Até que uma catástrofe acontece!
De repente todas as letras, palavras, ideias, frases e pontos de exclamações resolvem fugir.
Corro desesperadamente atrás delas pelo meu quarto, mas como num jogo de pega-pega elas escapam.
Pulando sobre minha cama, as minhas ideias riem de mim... Da minha expressão agoniada.
As minhas ideias efêmeras já não me obedecem mais. As palavras, o ponto e a crase que antes habitavam em minha mente, mudaram-se sem ao menos dizer tchau.
E agora, temo pelo o que antes era um terreno fértil e agora jaz sem vida, sem água, sem sombra, sem cuidado e com cicatrizes dignas da mais seca caatinga.
Então, minhas ideias param, sentam-se e me fitam com um olhar austero e um sorriso esguio.
Constrangido com essa expressão, tento estabelecer um diálogo com elas.
- Voltem pra mim - Digo suplicante.
Elas permanecem imóveis, irredutíveis, inóspitas, insípidas e inférteis.
Depois de muita conversa, minhas ideias acompanhadas dos pontos, crases e virgulas e todos os outros rebeldes, decidem regressar até mim.
Mas, com uma condição;
Eles me usariam, e não o contrário.
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