A BOCA

Certa vez, estava distraído, quando a avistei.

Nesse momento, tudo se iluminou, ouvi sinos e meus olhos brilharam.

Ok, ok! Não foi tão mágico assim.

Mas, a boca que eu vi, me fez parar alguns minutos para poder admirá-la. Era perfeita. Não era pequena, nem muito grande. Seus lábios exibiam um contorno divino.

O brilho que ela emitia era de uma sensualidade incrível. Olhava-a com admiração, desejo, respeito e idolatria.

A boca era perfeita.

Mas, o que me atormentava era a vontade de conhecer a dona dela.

E se ela não for merecedora daquela obra prima?

E se a boca não estiver em sintonia com o restante?

E se?... E se?... E se?...

Nada disso importava. A boca por si só já valia tudo.

Tomei coragem e fui conhecer a proprietária. O medo voltava até mim. Os "E se?" também.

Com medo e curiosidade fui em minha missão.

Nesse momento somente uma palavra me veio a mente: PERFEIÇÃO.

A boca perfeita era somente parte de um conjunto extremamente harmônico que tocava uma melodia hipnotizadora e muito agradável onde os pequenos detalhes trilhavam um caminho até a utopia.

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