O MURO

Do alto do muro, tudo era mais belo. Lá de cima, ninguém poderia incomodá-la. Não tinha trânsito, não tinha choro, não tinha grito e não tinha cachorro.

Deitada no seu amado muro, tudo era perfeito, tudo era feliz, e nada tirava a sua paz.

- Ah! Se todos tivessem um muro como o meu! - Pensou ela.

Esse muro era diferente. Não dividia nada, não cercava propriedades e não impedia ninguém. Apenas elevava. Elevava pensamentos, elevava sonhos e elevava sentimentos.

Um muro tão delicado e ao mesmo tempo tão grosseiro, um muro tão frio e ao mesmo tempo tão aconchegante.

Ninguém jamais conheceria os benefícios do muro, a menos que ousasse subir nele para experimentar as maravilhas que ele trazia.

Mas isso ninguém fazia! Não tinham tempo, não tinham olhos, não tinham sensibilidade, ou seja, não tinham vida.

- Ah! Se todos tivessem um muro como o meu! - Tornou a pensar.

A vida seria mais feliz, mais calma, mais pacífica. Cheia de muros que não teriam outro papel a não ser nos fazer bem. 

Um muro utópico, um muro divino. Ou, simplesmente, um muro.

Em Felicidade